Ele entrou no carro como fazia todas as manhãs e ligou o rádio para ouvir o trânsito e o tempo... como fazia todas as manhãs! Mas nessa manhã o rádio começou a fazer umas interferências esquisitas e incómodas, de tal modo que o impediu de perceber como estava a fluir o trânsito na zona para onde ia e que tempo faria ao longo do dia... Estranhou e antes de entrar na auto-estrada parou o carro na berma, abriu a porta e espreitou para o tejadilho: franziu o sobrolho... e tal como suspeitou, alguém tinha roubado a antena do carro!
«Ora, isso não se faz!», pensou ele, voltando para dentro do carro e dirigindo-se à auto-estrada! Quem rouba antenas de rádios dos carros merece ser bem amaldiçoado... Primeiro amaldiçoou a marca do carro: «porque razão não faziam antenas fixas para aqueles modelos?»... depois amaldiçoou quem lhe roubou a antena durante a noite... e mais ainda quando se viu bem no meio de um engarrafamento... acidente, de certeza, pensou! E a falta do rádio em boa frequência foi o responsável por ele ter sido apanhado no meio daquele tumulto...
E foi mesmo acidente: duas horas depois chegou ao local do dito e reparou que o carro acidentado - embora quase irreconhecível - era igualzinho ao seu. Era a única viatura, portanto parecia ter-se tratado de um despiste, mas de um valente despiste tal o estado em que tinha ficado o automóvel... será que tinham havido muitos mortos, ou só feridos, ou o condutor e os passageiros teriam escapado ilesos???
Curioso como era resolveu parar o carro e perguntar...