A comunicação social hoje fala do aumento de queixas de violência sobre idosos. Um número muito baixo se comparado com a realidade, com certeza! E se a violência sobre os idosos começa na própria família, essa violência prolonga-se - e muito - na maior parte dos hospitais públicos, centros de saúde e em muitos lares de idosos... Algo a que a sociedade portuguesa actual - na sua correria consumista - continua completamente alheia...
Pelo menos uma vez por mês visito um lar de idosos. O lar onde vou mais vezes fica na província, tem muitas dezenas de idosos, a maior parte deles da própria vila ou dos arredores - o ambiente é acolhedor, as funcionárias no geral simpáticas, competentes e meigas. No princípio fez-me alguma impressão ver as pessoas de idade sentadas em lugares marcados em pequenos sofás ou cadeirões ao longo das paredes das salas, muitas delas à espera de... nada!
Não é que a vida tenha que ser assim, mas muitos deles na verdade já não têm condições para estarem sozinhos nas suas casas, têm muitos problemas de mobilidade e precisam de assistência quase permanente, e, como se sabe, a vida moderna dos filhos e netos não permite que eles estejam em casa dos familiares - pelo menos ali têm a dignidade possível!
Mas nem em todo o lado é assim: são constantes as notícias de maus-tratos a idosos! Não é novidade: o idoso é o elo mais fraco, são eles as principais vítimas de exclusão social num país onde sempre se maltratou e violentou os «mais velhos»! Ao contrário de outros países, onde os idosos são respeitados (não é preciso ir muito longe, Angola, por exemplo) a migração (da província para as cidades do litoral) e o desenraizamento em Portugal tem provocado situações terríveis onde os mais velhos são vilipendiados, violentados (geralmente pela própria família) numa altura da vida em que o ser humano mais precisa de um carinho...
... Eu sei, fazer uma festa ou dar um beijo numa pele enrugada não é o mais apetecível, mas se pensarmos que ao tocarmos em determinada pessoa mais velha estamos a absorver dela décadas de sabedoria vale a pena, podem crer que vale a pena... é por isso que não tenho coragem de substituir talvez a foto mais importante que jamais fiz e que é aquela que está no cabeçalho do meu blog UMA FOTO POR DIA. E tenho muita pena de não ter nada semelhante dos meus avós. Consola-me o facto de ter sido a última pessoa a fazer fotografias deles, mas não me chega, dava tudo para que eles estivessem aqui...
Pelo menos uma vez por mês visito um lar de idosos. O lar onde vou mais vezes fica na província, tem muitas dezenas de idosos, a maior parte deles da própria vila ou dos arredores - o ambiente é acolhedor, as funcionárias no geral simpáticas, competentes e meigas. No princípio fez-me alguma impressão ver as pessoas de idade sentadas em lugares marcados em pequenos sofás ou cadeirões ao longo das paredes das salas, muitas delas à espera de... nada!
Não é que a vida tenha que ser assim, mas muitos deles na verdade já não têm condições para estarem sozinhos nas suas casas, têm muitos problemas de mobilidade e precisam de assistência quase permanente, e, como se sabe, a vida moderna dos filhos e netos não permite que eles estejam em casa dos familiares - pelo menos ali têm a dignidade possível!
Mas nem em todo o lado é assim: são constantes as notícias de maus-tratos a idosos! Não é novidade: o idoso é o elo mais fraco, são eles as principais vítimas de exclusão social num país onde sempre se maltratou e violentou os «mais velhos»! Ao contrário de outros países, onde os idosos são respeitados (não é preciso ir muito longe, Angola, por exemplo) a migração (da província para as cidades do litoral) e o desenraizamento em Portugal tem provocado situações terríveis onde os mais velhos são vilipendiados, violentados (geralmente pela própria família) numa altura da vida em que o ser humano mais precisa de um carinho...
... Eu sei, fazer uma festa ou dar um beijo numa pele enrugada não é o mais apetecível, mas se pensarmos que ao tocarmos em determinada pessoa mais velha estamos a absorver dela décadas de sabedoria vale a pena, podem crer que vale a pena... é por isso que não tenho coragem de substituir talvez a foto mais importante que jamais fiz e que é aquela que está no cabeçalho do meu blog UMA FOTO POR DIA. E tenho muita pena de não ter nada semelhante dos meus avós. Consola-me o facto de ter sido a última pessoa a fazer fotografias deles, mas não me chega, dava tudo para que eles estivessem aqui...
15 comentários:
A minha mãe trabalha num centro de dia e faz assistencia ao domicilio.
Ainda na semana passada morreu um velhinho, que estava acamado pois o senhor estava a sentir-se muito mal, não estavam a conseguir alimentá-lo (o senhor comia por uma sonda) e a família recusou-se chamar a ambulância para não terem de pagar. E ainda tinham a coragem de dizer à frente dele: para quê chamar a ambulância, se ele vai morrer?
Nessa altura o senhor ficava ainda mais nervoso. Acabou por morrer nessa noite... =(
És lindo, tens um coraçao do tamanho do mundo.!!!!!!!
Obrigada, muito muito OBRIGADA.
grande xi-coraçao.
Andreia,
essa história chocou-me imenso e vieste dar um testemunho muito importante daquilo que algumas famílias (não) fazem pelos seus membros mais velhotes. Incrível!!!
Obrigado!!!
Concordo com muito do que aqui referes; só discordo num ponto...os hospitais públicos, e talvez por tarbalhar num deles, não são locais de maus tratos a idosos, mas antes verdadeiros "depósitos" de idosos! Claro está que em termos de profissionais, não garanto que todos os tratem com meiguice...há bons e maus funcionários em qualquer lado; mas o problema está em que os hospitais não são instituições vocacionadas para o acolhimento a longo prazo mas sim de "passagem"...tenho muita pena que no nosso País se valorize tao pouco os mais sábios, mas talvez o ideal fosse criar mais unidades de cuidados paliativos ou mesmo de lares, porque a par de cuidados por vezes diferenciados de saúde, eles precisam, tal como as crianças, maioritariamente de carinho e atenção;
Por outro lado, acho que o adulto dito "activo" (expressão que tanto se gosta de usar) também não é assim tao apoiado no que diz respeito a apoio familar: as baixas de assitência à familia são o que são, e além disso têm de "arcar com a responsabilidade económica" de filhos dependentes (estuda-se durante mais anos), pais dependentes (desde simplesmente afecto às dependências totais), carreiras (muito cuidado ou se fica sem emprego), relações conjugais a desmoronar-se (nem sempre temos o devido apoio no parceiro que escolhemos) e desequílibrios hormonais (q acarretam verdadeiros turbilhões de emoções)!
Sinto-me realmente decepcionada com esta realidade, com a qual lido, e contra a qual me sinto desoladamente impotente...e só rezo para ser uma felizarda quando chegar a minha vez!
Tudo isto choca por demais.
Mas tu sabes que o alvo dos fortes e maldosos são os fracos e desprotegidos...
Beijinho *
Olá
Como vai?
Sou a sua companheira de mesa no casamento do Pedro Barroso.
Tenho vindo aqui espreitar e hoje resolvi mandar um olá
EP
Não conheço nenhum caso, mas sei que os há.
Felizmente na minha família os nossos idosos são muito amados.
Beijinhos
Lamentavelmente é uma realidade candente. Chegamos a uma idade que estorvamos e somos "atirados" para um lar donde não se conhece a ninguém. Numa etapa da vida donde o que menos importa é fazer amigos e o que mais reconforta é o calor familiar.
Ser velho é um orgulho, é o reconhecimento da vida a uma trajectória digna, merece ser compensada.
O meu apoio incondicional a esta causa.
Saudações
Alexandre,
conheço um caso macabro, ainda por cima deu-se com pessoas que conheço e que nunca me passaria p'la cabeça capazes de algo assim... meus pais foram a um velório do pai de uns amigos, na zona de Castelo Branco durante o mesmo, já a noite ia longa, à pergunta sussurrada de minha mãe "então mas como aconteceu? ele andava tão bonzinho!??..." a resposta pronta da filha do falecido, senhor de proveta idade, " olha, foi ontem à tarde, assim de repente...tás a ver, em lisboa ainda por cima, olha, resolvemos trazê-lo nós mesmos, era um disparate pagar a uma agência funerária! quando chegámos dissemos que faleceu no caminho..." minha mãe horrorizada, pergunta "...mas como?!" "ora,sentado, ao pé de mim..."
Alexandre, não parece mas foi verdade, e estou a falar de pessoas com capacidade económica acima da média, e supostamente boas-pessoas! por vezes pergunto-me se o facto de ambos os filhos(as) serem enfermeiros... lhes deu aquele sangue-frio... enfim... Alexandre não é uma estória de maus-tratos a idosos em fim vida, mas já em mortos...
depois conto uma estória boa de velhinhos, que tanto prezo e que sempre me emocionam!
bom fim-de-semana
um sorriso :)
mariam
o ponto é forte e oportuno!
velhotes somos todos, se lá chegarmos, e teremos o mesmo trato ou pior se não cuidamos de alimentar o principio de solidariedade intergeracional que respondeu até hoje pela continuidade da espécie humana - de que fazemos todos parte e de que somos mais um elo interdependente!!
mas é bom lembrar que a institucionalização (de menores, de idosos, enfim..., de todo o cidadão com necessidades especiais) nunca substitui completamente o modelo que emula, a Família, em união e harmonia, poderosa fonte de laços de amor desde o berço até ao fim da vida!!!
e alguém acredita que há cimento mais forte que o do afecto e do amor ?
Sobre os lares (de lar/casa não têm nada)teria muito que dizer. SO meus pais morreram ambos num lar. O lar onde esteve o meu, apesar de simples er amuito humano. Onde esteve a minha mãe, naõ vou falar. Essa é uma história muito amarga na minha vida.
bjs e obrigada pelo post
Amigo, como sabes tive um calvário de muitos anos, durante os quais conheci uns lares. Alguns -poucos- recomndáveis; a maioria, a deixar a desejar. Mas o pior são aqueles que são mesmo "rascas", por vezes até sem que as famílias se apercebam. Tenho histórias ainda muito presentes. Por me serem dolorosas ainda, não vou descrevê-las aqui; é ferida que não sara...
Beijos.
Infelizmente todos conhecemos alguém que é maltratado.. Idoso, com pouca mobilidade , ainda há pouco fiquei estupefacta por ver a expressão de alivio de uma filha..Senhora de vida confortável, ia semanalmente á casa da mãe e desgraça das desgraças tinha a mãe não tinha meios económicos para o seu sustento.. Um dia ouvi esta:Ainda por cima é gulosa,Gosta de iogurte com pedaços , não se contenta com os de aromas, e a manteiga, todos os meses uma caixa de manteiga, e por ai fora..Isto dizia a senhora , falando da própria mãe..Fiquei sem palavras, porque no dia em que a mãe morreu, o desabofo foi de alivio.. Idoso é uma enciclopédia , há sempre tanto a aprender com eles.. Tal como o reumático, gosto de idoso e nutro por eles o maior respeito..Um bom final de semana..Beijinho, Ell
Meu pai tem 90 anos e este ano a saúde dele tem estado muito fagilizada.
Minha mãe tem 83 e há 25 anos está paralizada, devido a um AVC. Sempre tenho cuidado deles. Desde Julho os meus prolemas de saúde agravados por duas cirurgias, impedem-me que cuide deles. Meu irmão trabalha e vive em Rio Maior. Pois pediu licença e veio cuidar deles até que eu possa voltar.
A vida está muito difícil, mas eles deram-nos a vida. Temos que os cuidar com o mesmo carinho e cuidado com que eles cuidaram de nós outrora.
Não tenho conhecimento de maus tratos a idosos, a não ser os que dá na TV ou veem nos jornais.
Um abraço e bom fim de semana
Felizmente não!
Adoro as minhas "meninas" de 88 e 84 anos...avózinhas lindas!
ps:a tua foto é uma ternura.
beijinhos
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