sexta-feira, 30 de março de 2007

A BAIXA DE LISBOA JÁ NÃO É O QUE ERA!!!

Sem-abrigo fotografado por mim no Jardim da Estrela em Lisboa

Nos últimos dias passei e frequentei locais em Lisboa onde não passava há uns anos: Baixa, Metro (linha verde), carreira de barcos entre Cacilhas e Almada... E fiquei muito (mal) impressionado com a degradação que ocorreu nos últimos anos no tipo de vida de muitas pessoas e no próprio ambiente da Baixa.

Na Baixa de Lisboa os pedintes são mais que muitos, agora das mais variadíssimas nacionalidades. A cada esquina, em plena rua Augusta, à saída das lojas ou perto das caixas multibanco há sempre alguém de mão estendida ou tentando vender algo, como pensos ou até o Borda d'Água (agora parece que de venda exclusiva por romenos). É impossível passear descontraidamente nas ruas da Baixa sem sermos interpelados por alguém, muitas vezes até jovens do time-sharing ou afins.

Isto para não falar de grupos de crianças que utilizam uns cãezitos que fazem umas acrobacias e umas «coisas engraçadas» para estrangeiro - e não só - ver! E depois ainda se fala aqui da crueldade que se fazem aos ursos na Turquia e noutros países, E isto tudo nas barbas da polícia... Será que a autoridade não tem conhecimento da Lei que proíbe a abordagem de transeuntes na rua para pedir ou «vender» algo?

À entrada das portas do Metro a situação à agravada pois a estes juntam-se os distribuidores de jornais gratuitos, de panfletos de astrólogos e de curas milagrosas. No Metro - sobretudo na linha verde - cegos percorrem as carruagens com as ladainhas próprias de cada um (alguns destes cegos ainda são os do antigamente, reconheço-os). E digam-me uma coisa: que raio de país é este onde os cegos têm que pedir esmola a vida inteira para sobreviverem? Já não será suficientemente triste ser-se cego?

Ainda no Metro, multiplicam-se os tocadores de concertina e de gaita, oriundos de países de leste. Na carreira de barcos entre Cacilhas e Lisboa, vendedores de tudo e mais alguma coisa: velhotes, deficientes, miuditas ciganas ou ainda de países de leste (Roménia, sobretudo). E alguns são mal-criados quando a pessoa diz que não!

Pois é, esta situação não é com certeza exclusiva de Lisboa mas a ideia com que fico é que nos últimos anos a vida de muitas pessoas e a entrada desorganizada de estrangeiros em Portugal - em especial oriundos de países que não falam português - veio contribuir para uma degradação do ambiente, da segurança e da atracção que Lisboa pode exercer sobre os lisboetas e sobre os de fora. E não sei mesmo o que têm feito os últimos Governos para atenuar estas desigualdades! Ou melhor, sei: não têm feito nada... preocupados que estão com as suas próprias mordomias!!!

21 comentários:

silvia disse...

Pois é... Agora imagina quem anda neles todos os dias como eu:(
Mas tem que ser... Sempre é melhor andar nos transportes publicos de que perder a paciencia no IC19.


De amarelo pinto nossa amizade...
De verde nossa esperança...
De azul pinto nosso céu...
Deixo o dourado,
Para pintar os sonhos teus...


Nas noites lindas de luar...
Trago as sementes...
Das flores mais belas que há...
Entrego ao anjo da noite...
Para somente agradar...


Pelas noites tão lindas de sonhos...
Que passamos ao luar...
O amarelo vai perfumar...
A esperança de verde semear...
Por todo o azul do céu...


Com tons de dourado a destacar...
Como a cor do mel...
Nas noites lindas de luar...


De vermelho pinto as flores...
Com branco desenho um anjo...
Pra nos visitar, nas noites de luar...


O vermelho das cores vibrando...
Reflete a chama das paixões...
Exalando seu perfume...
Machucando corações...
"Sonia Santos"

Desejo-te um lindo fim de semana.

Beijos:)

13 disse...

O país está de tanga... e amanhã é dia de tanga...
Tangas...

Isabel Filipe disse...

... por isso detesto Lisboa ...
por isso chego aqui todos os dias ... enfio-me no trabalho ... e à tarde, quando acabo vou a correr de volta para Azeitão ...

bom fim de semana
bjs

Lia disse...

E não é apenas em Lisboa, acontece o mesmo em várias cidadezinhas espalahadas pelo país...

Que faz o governo? Faz de conta que nada vê...

Beijinhos e bom fim de semana

Olga disse...

Esta é a realidade do nosso país.Mas sabemos que muitos estão nestas situações porque também não luta. Encostam-se a uma instituição que lhes dá de comer e depois pedem dinheiro para o café, tabaco e um copito!!! Vejo muita malta jovem nestas circunstâncias.Não me digam que não arranjavam um trabalhito?
Bjs.

Meninuh Kikuh disse...

Pois, e' verdade =( este mundo vai de mal a pior! Outro dia ia a passar numa rua no porto e estava la um sr. a engetar.sse fiquei para morrer!

Gio disse...

Eu moro na margem Sul e trabalho em Lisboa mas vou e venho de carro.... aqui ha umas semanas o carro teve que ir fazer uma revisão e também vi de transportes... e tenho que apanhar logo 4 e também fiquei um bocado deprimida com as situações que aqui descreves...
Para a semana estou de férias e num dos dias combinei com uma amiga ir passear até à Baixa que já não visito há alguns anos... depois de te ler fiquei com menos vontade.... afinal nada mudou desde o tempo em que eu trabalhava na Sede na Rua do Ouro... já vi que com o tempo as coisas apenas pioraram....

Um beijinho grande para ti e um bom fim de semana

un dress disse...

...e se tu visses a do Porto, se visses a do Porto, Alexandre, não ías acreditar...
ruas desertas e o pior, a sensação de algo profundamente irreversível...
mas
(talvez as pessoas desabitadas pelos lugares ?)

resta sempre uma luz em mim, é certo...acredito veementemente em milagres, que hei-de fazer? :)

abraçO. beijO

Menina do Rio disse...

Já vi este filme....
Aliás, vejo-o diariamente nas ruas do Rio! Ciganas, panfleteiros, coreanos, chineses, pedintes, malabaristas nos semáforos, ruas entupidas de ambulantes...
Nos estados do sul, as prefeituras adotam uma política de deportar os "pau de arara" (migrantes nordestinos que chegam em comboios pra tentar a "sorte"), além dos estrangeiros. Mas em Rio e São Paulo a história é outra!
Tanto no Rio quanto em São Paulo, as prefeituras criaram os chamados "camelodrómos" (feiras ambulantes), mas não comporta tudo.
Há no Rio uma área denominada "Saara"; uma espécie de bairro lojista devidamente cadastrado pela prefeitura que abriga o comérico estrangeiro de bugingangas vindas do leste. mas as cenas de ruas ainda são deprimentes. Em toda a cidade, os bancos de praça e as marquises servem de teto aos desabrigados.

Não sei qual a política usada na Europa; nos EUA existem programas de encaminhamento e auxilio desemprego, mas aqui isso não basta, visto o excesso de contigente. E olha que há um sem número de instituições e Ongs...

Agradeço o teu carinho no Momentos!

beijinho

Márisa disse...

Como não vivo em grandes cidades não vejo essas coisas com frquência! Ainda bem! Beijinhos e bom fim de semana

turbolenta disse...

Já tenho medo de ir à Baixa.
Há uns anos havia "concentração" de africanos apenas no Rossio, ali para os lados da farmácia(acho que Azevedos). Agora é o caos.
Passou pelo Teatro D.Maria?
E que viu?
E ali para os lados da Igreja S.Domingos?
Foi ao Martim Moniz? Ainda bem se não foi.
Agora invadiram a Baixa toda.
A polícia não põe mão em nada.Quando os vê a roubar vira a cara ao lado.
Não se pode andar à beira dos passeios e com a mala do lado da rua. Passa algum de mota e lá vai a nossa mala.
Não se pode ver uma montra que alguém aparece logo a vender este mundo e o outro.
É uma vergonha!
Eu como portuguesa tenho vergonha de quem nos visita e que dá com aquele ambiente de pobreza extrema, oportunismo, delinquência e oportunismo, que tão mal nos deixa aos olhares de quem nos visita.
Porque, a maior parte de todos os foragidos que por lá aparecem a pedinchar, são estrangeiros, clandestinos, sem emprego que apareceram à balda neste país.
E depois...as doenças das quais são portadores e às quais todos estamos expostos.
Acho mesmo que a situação está incontrolável.
São ilegais??não têm trabalho? de que vivem? do roubo?
ZÁS.....país de origem.
Há cá já muita falta de emprego para os portugueses e todos têm de trabalhar!!
Vou-me embora. Mandam-me prender!
Vou fugir para outro país antes que me ponham a mão.
bom fim semana

Linda Paixão disse...

É verdade tudo o que dizes... uma verdade lamentável...
Lembro-me, de quando era mais miuda, da magia que era ir à baixa com os meus pais.
A minha mãe fala também diversas vezes que, quando o meu irmão (que é 10 anos vais velho do que eu) era pequeno, iam pelo natal ver as luzes da baixa. Naquela altura, as decorações de natal só ai eram feitas... hoje, por essa altura, rua sim, rua não, há luzes e por isso também já não há aquela magia de ir à baixa pelo natal...
Mas se de dia os sem abrigo, os vendedores e os pedintes passam mais despercebidos por serem "camuflados" por tanta gente que vai a passar... de noite é ainda mais degradante...
Há cerca de duas semanas, fui à estreia da Filha Rebelde, no Teatro Nacional D. Maria II. Confesso que me chocou o contraste entre os sem abrigo e os pedintes de roupas rasgadas, cabisbaixos, sujos...; e as senhoras e senhores de "alta sociedade" que se dirigiam ao teatro, de casacos de peles, chapéus de veludo, nariz empinado,....
Creio que estas desigualdades tenderão a agravar-se... tende-se a fechar os olhos para aquilo que vemos perfeitamente, mas fazemos por não querer ver... e assim passam dias, meses, anos...
Beijos e um bom fim de semana***

Leonor C.. disse...

Sim, a baixa de Lisboa já não é nada do que era. Aliás, muita coisa está a perder-se!

Bom fim de semana

Alê Quites disse...

Bom final de semana.
Beijos*

Verdana disse...

Porto é uma merda.
Também detesto lisboa, é horrível. poluição, prédios.
Detesto o verbo soluçar no sentido de chorar ou de mostrar pranto.
Só gosto de Lisboa vista de longe.
Constantinne.

Magri disse...

Vivo em Aveiro, onde o fenómeno descrito começa também a notar-se, embora sem as proporções de Lisboa ou Porto.
É certo que era necessário mais rigor por parte das autoridades (relativamente aos estrangeiros e aos nacionais), mas também é certo que há um problema humano grave por trás, que nos interpela.
Não sou muito de dar esmolas (já que pode ser um incentivo a mais mendicidade), mas às vezes tento conversar com eles, procurando incentivá-los a procurar trabalho, ou a encaminhá-los para alguma associação de ajuda. Mas também não há muitas, sobretudo que "ensinem a pescar em vez de dar um peixe".
Contudo, soube há pouco de uma, na minha região, que faz parte das excepções: ajuda mulheres que façam trabalhos domésticos, pondo-as em contacto com pessoas que ofereçam esses trabalhos, mesmo sem vínculo permanente.
Outras deste género seriam necessárias, e as que já existem poderiam agir neste sentido, em vez de apenas dar a "esmolinha" que os torna dependentes.
Noto também que nas aldeias há com frequência necessidade de trabalhadores não permanentes para os campos ou matas. Mas lá não há pedintes, e o trabalho esporádico também não é legal, pelo menos nos moldes em que foi praticado durante muitos anos, dando trabalho a muita gente (e contribuindo para matas mais limpas, com menor risco de incêndios).

A quem dizer tudo isto?
É frustrante a impossibilidade de comunicar com quem tem o poder de agir.

Abraços.

Cusco disse...

O que também me choca é a indiferença com que "nós" vimos essas situações!!!


Bom-fim-semana!

Pekena disse...

É lamentável ver estas coisas!Eu fiz voluntariado numa instituição onde costumava estar em contacto com muitos sem-abrigo, e é triste saber que pelas desavenças da vida, estas pessoas foram arrstadas para a solidão, a miséria, enfim a verdadeira pobreza.

A verdade é que muitas delas que vivem na rua, já não querem sair dessa vida que levam pois já não estão para se sujeitar às "regras da sociedade"... complicado, mas é real!

Anónimo disse...

Pois é, isso não é mesmo exclusividade de Lisboa, nem de Portugal. Há cada vez mais pobres no mundo, aqueles abaixo da linha da pobreza mesmo.... Infelizmente, ninguém , ou quase ninguém interessa-se por eles...

Suspiros disse...

Na verdade, que temos nós realmente feito para sairmos das nossas "mordomias"? Porque o dever social não é só das instituições (in)competentes, é de cada um de nós como seres humanos! Se vivêssemos em países onde as condições de vida simplesmente não existem, não tentaríamos mudar?! Ficaríamos agarrados ao nosso estômago vazio deixando a nossa família e nós próprios sujeitos às maiores adversidades para estarmos com a Pátria que nada pode ou nada quer por ou para nós? E quem garantiria o nosso lugar naquela sociedade? Não é só querer trabalhar, ter muita vontade... Nem sempre encontramos A OPORTUNIDADE. Porque nos deparamos com pessoas... como NÓS?

Beijinhos,
Uma Santa Páscoa.

Cátia disse...

Olá Alex,

Se não tiveres nada a opor, irei usar esta foto para acompanhar um conto meu, para amanhã, dia da erradicação da pobreza, com a devida autoria, claro.

Obrigada.
Beijinhos